quinta-feira, 2 de abril de 2009

CARLOS IMPERIAL



BIOGRAFIA:
Carlos Eduardo Corte Imperial, compositor, produtor e apresentador. Nasceu em 24 de novembro de 1935, na cidade de Cachoeiro de Itapemirim/ES e faleceu no dia 04 de novembro de 1992, no Rio de Janeiro.
Começou a se interessar por música ainda criança, tendo se tornado posteriormente colecionador de discos. Na adolescência mudou para o Rio de Janeiro onde se tornou aluno de piano de Johnny Alf. Participou, como ator, de vários filmes musicais da Atlântida e outras companhias, entre 1955 e l965.

DADOS ARTÍSTICOS:
Em 1958, aos 22 anos, criou o Clube do Rock, organizando jam sessions e rock sessions. No mesmo ano, compôs as músicas e organizou os dançarinos para o filme "De vento em popa", no qual Oscarito e Sônia Mamede interpretaram, entre outros, "Calipso rock", parceria com Roberto Reis. No mesmo filme, atuou com o grupo Os Terríveis, tocando piano e acordeon.
Por essa época passou a apresentar o programa Clube do Rock na TV Tupi. Em 1959, Roberto Carlos, revelado no Clube do Rock, lançou pela Polydor o primeiro disco com os sambas "João e Maria", parceria com Imperial, e "Fora do tom", do próprio Imperial. No ano seguinte, o mesmo cantor lançou novo disco, agora na Columbia, trazendo dois sambas de sua autoria, "Canção do amor nenhum" e "Brotinho sem juízo".
Em 1961 passou a assinar a coluna "O mundo é dos brotos" na Revista do Rádio. Na mesma época, trabalhou no filme "Mulheres cheguei", juntamente com o Clube do Rock e Eduardo Araújo. Teve ainda a composição "Eu quero twist", parceria com Erasmo Carlos gravada por Renato e seus Blue Caps.
Em 1964 obteve um de seus maiores êxitos como compositor com a canção "O bom", gravada por Eduardo Araújo, que também registrou, com sucesso, no mesmo disco, "O goiabão", parceria dos dois. Por essa época apresentou na TV Record o programa "Brotos no 13". Em 1966, a composição "O carango", parceria com Nonato Buzar, foi gravada por Erasmo Carlos, obtendo destaque nas paradas de sucesso.
No ano seguinte, teve outro grande sucesso gravado pelo mesmo cantor, "Vem quente que eu estou fervendo", parceria com Eduardo Araújo.
Em 1967, destacou-se com novos êxitos nas paradas de sucesso, as composições "Mamãe passou açúcar em mim", parceria com Mingo, gravada pelo conjunto Os Incríveis e por Wilson Simonal, e "A praça", gravada por Ronnie Von.
Em 1968 tornou-se o último parceiro do sambista Ataulfo Alves, com quem compôs três sambas, entre os quais "Você passa e eu acho graça", que alcançou grande sucesso, na voz de Clara Nunes, tornando-se um clássico, recebendo nova gravação por Martinho da Vila, em 2002, no CD "Alma e Coração".
Em seu programa "Os brotos comandam", apresentado na TV Continental e na Rádio Guanabara, foram revelados diversos ícones da Jovem Guarda, como Eduardo Araújo e Renato e seus Blue Caps.
Com o fim do movimento da Jovem Guarda passou a atuar no jornalismo e na produção de filmes. Nos anos 1980 dedicou-se à política. Em 1984 foi eleito o vereador mais votado no Rio de Janeiro. Sempre foi considerado uma figura polêmica no meio artístico, envolvendo-se em inúmeros episódios que sempre repercutiram amplamente nos jornais.
Como produtor musical, tentou lançar a carreira de Roberto Carlos como um "príncipe da bossa nova", inclusive produzindo seu primeiro disco Louco Por Você, em 1961. Entretanto, seu pupilo foi acusado de imitar descaradamente João Gilberto, e o disco não fez sucesso. Mas continuou até Roberto Carlos assinar contrato com a CBS em 1958. Nessa época era chamado de "Papai" por Roberto.
Apresentou o programa de televisão O Clube do Rock, nos anos 60. Nos anos 70 apresentava pela TV Tupi uma atração aos sábados à noite que levava seu nome, posteriormente migrando para a TVS - Canal 11 do Rio de Janeiro. Nesta mesma década, Imperial tornou-se um polêmico jurado do programa de calouros apresentado por Chacrinha.
Imperial também foi colunista da revista Amiga, publicada pela Bloch Editores e vereador na cidade do Rio de Janeiro, eleito em 1982, pela legenda do PDT. Foi candidato a prefeito do Rio em 1985, mas perdeu a eleição.
Na década de 1980, Imperial se notabilizou por divulgar as notas dos jurados nas apurações dos desfiles das escolas de samba cariocas. A cada nota máxima ele exclamava em alto e bom som a frase dez, nota dez. Tal frase caiu no gosto popular, se transformando em um verdadeiro bordão.
É autor das canções muito conhecidas dos anos 60 A Praça, sucesso na voz de Ronnie Von e que virou tema de abertura do humorístico A Praça É Nossa; e de "Mamãe passou açúcar em mim", grande sucesso popular de Wilson Simonal. Também fez muito cinema, tanto como ator como diretor e pequenas participações em telenovelas.
Em sua última aparição pública, apresentou para toda a nação a sua nova namorada, a linda Amazonense Jana, de apenas 14 anos. Na época Imperial tinha 42 anos a mais que a moça.
Imperial foi vítima de uma doença rara: a Miastenia Gravis. Após operação para a retirada do timo, não resistiu e faleceu, em 4 de novembro de 1992, no Rio de Janeiro, aos 56 anos de idade.

PROGRAMAS DE TV:
1977 - Programa Carlos Imperial - TV Tupi
1979 - Carlos Imperial Show - TVS

FILMES:
Como diretor
1981 - Mulheres, Mulheres
1981 - Um Marciano em Minha Cama
1981 - Delícias do Sexo
1979 - Loucuras, o Bumbum de Ouro
1976 - O Sexomaníaco
1976 - O Sexo das Bonecas
1975 - O Esquadrão da Morte
1974 - Um Edifício Chamado 200
Como ator
1986 - Perdidos no Vale dos Dinossauros
1985 - Os Bons Tempos Voltaram: Vamos Gozar Outra Vez
1981 - Mulheres, Mulheres
1981 - Delícias do Sexo
1978 - Amada Amante
1978 - A Noiva da Cidade
1977 - Férias Amorosas
1977 - Mau Passo
1977 - O Tarado
1976 - A Ilha das Cangaceiras Virgens
1976 - Meninas Querem... E os Coroas Podem
1976 - O Sexo das Bonecas
1975 - O Esquadrão da Morte
1975 - O Monstro Caraíba
1975 - O Palavrão
1974 - O Pica-Pau Amarelo
1974 - Um Edíficio Chamado 200
1974 - Banana Mecânica
1973 - As Depravadas
1972 - A Viúva Virgem
1972 - Cassy Jones, o Magnífico Sedutor
1972 - Independência ou Morte
1972 - O Doce Esporte do Sexo
1971 - Os Amores de um Cafona
1969 - O Rei da Pilantragem
1969 - Tempo de Violência
1967 - Bebel, Garota Propaganda
1964 - Asfalto Selvagem
1962 - Sangue na Madrugada
1961 - O Dono da Bola
1961 - Rio à Noite
1961 - Mulheres, Cheguei
1960 - Vai que É Mole
1959 - Mulheres à Vista
1959 - Pé na Tábua
1959 - Garota Enxuta
1958 - Agüenta o Rojão
1958 - Contrabando
1958 - Minha Sogra É da Polícia
1958 - Sherlock de Araque
1958 - E o Bicho Não Deu
1958 - Alegria de Viver
1957 - De Vento em Popa
1957 - Canjerê
1954 - O Petróleo É Nosso

OBRAS:
•A praça
•Brotinho sem juízo
•Calipso rock (c/ Roberto Reis)
•Canção do amor nenhum
•Cantor do iê-iê-iê (c/ Eduardo Araújo)
•Dez Anastácias
•Estou aqui (c/ Nened)
•Eu quero twist (c/ Erasmo Carlos)
•Faz só um mês (c/ Eduardo Araújo)
•Fora do tom
•Goiabão (c/ Eduardo Araújo)
•Golpe do baú (c/ Eduardo Araújo)
•Horóscopo
•I like twist with my baby
•João e Maria (c/ Roberto Carlos)
•Louco por você (c/ Pockriss e Vance)
•Mamãe passou açúcar em mim (c/ Mingo)
•Menina (c/ Adriano e Ângelo Antônio)
•Mil canções (c/ Eduardo Araújo)
•Namorando
•Não é por mim (c/ Fernando César)
•O bom
•O carango (c/ Nonato Buzar)
•O mundo a teus pés (c/ Eduardo Araújo)
•Para o diabo com os conselhos de vocês (c/ Nenéo)
•Primeiro lugar (c/ Eduardo Araújo)
•Vem quente que eu estou fervendo (c/ Eduardo Araújo)
•Viva o divórcio (c/ Eduardo Araújo)
•Você passa e eu acho graça (c/ Ataulfo Alves)

CURIOSIDADES:
Na coluna que escrevia para a revista Amiga aparecia no topo da página a seguinte frase: "Sem liberdade para espinafrar, nenhum elogio é válido".
Segundo seus amigos de infäncia na cidade de Alegre(ES), que conviveram com ele nos primeiros anos, seu nome correto è Carlos Eduardo Cardoso Imperial.

CARLOS IMPERIAL, O INVENTOR DO BORDÃO “DEZ! NOTA DEZ!”:
No dia 16 de fevereiro de 2010, teve apuração do carnaval de São Paulo e logo mais acontecerá a do Rio. Mesmo quem não curte o desfile das escolas de samba costuma parar para ver. Tem gente até que acha mais emocionante que os próprios desfiles. Outros, tão chato quanto.
Aquilo que deveria ser apenas um procedimento burocrático para verificar qual foi a melhor escola virou um ícone tão marcante da festa quanto o mestre-salas e a porta-bandeira. A leitura das notas, sobretudo a da máxima, está tão incoporporada à coreografia do carnaval que é difícil imaginar que alguém tenha inventado algo que hoje parece tão natural.
Mas nem sempre foi assim. O bordão “Dez! Nota Dez”! anunciado com entonação grandiloquente surgiu no carnaval de 1984, junto com a inauguração do sambódromo carioca.
Seu criador foi o polêmico e controvertido Carlos Imperial, na época vereador no Rio e designado pelo governo de Leonel Brizola para comandar a Comissão de Carnaval dos primeiros desfiles no local idealizado por Oscar Niemeyer.
O biógrafo Denilson Monteiro descreve como foi em seu livro, não por acaso entitulado “Dez! Nota Dez! Eu Sou Carlos Imperial”:
“… Na Quarta-feira de Cinzas, por volta das 17h, Imperial, guiado pelo leal Russão, se dirigiu ao Maracanãzinho, onde seria realizada a apuração do Carnaval de 1984. As notas seriam lidas por ele, que pontualmente às 18 horas deu início ao trabalho. O ginásio Gilberto Cardoso ficava bem próximo do morro da Mangueira. Por isso, os torcedores da Estação Primeira se encontravam em número muito maior que as demais. A escola já iniciou o primeiro quesito com nota máxima, o que fez com que Imperial optasse por improvisar uma mudança na forma como estava conduzindo a apuração. Decidido a mexer com a platéia, anunciou com sua garganta privilegiada:
- Estação Primeira de Mangueira: dez! Nota dez!
Os mangueirenses entraram em êxtase. Percebendo que a maneira diferente de anunciar o resultado havia agradado, Imperial repetiu a fórmula com as notas máximas das demais agremiações. Simultaneamente, por toda a cidade o que se ouvia naquele cair de tarde era um novo bordão que se alastrava como um vírus. Em todos os lugares as pessoas procuravam imitar a voz radiofônica de Carlos Imperial:
- Dez! Nota dez!
A apuração terminou com a Portela de Imperial e seu enredo “Conto de Areia” campeã do desfile de domingo e Mangueira como a campeã de segunda. O Gordo deixou o Maracanâzinho como coadjuvante que por alguns minutos roubou a cena, algo que sempre o agradava bastante. Na rua, as pessoas o reconheciam e gritavam:
- Lá vai o “Dez! Nota Dez”. …”
O bordão foi um dos últimos legados de Imperial, um cara que tem no currículo várias outras criações marcantes da cultura brasileira ao longo dos anos e que morreria no fim de 1992.
Amado e odiado com a mesma intensidade, Imperial foi – além de autoentitulado “Rei da Pilantragem” – pioneiro na propagação do rock no Brasil, descobridor e mentor de Roberto Carlos e outros artistas como Erasmo e Wilson Simonal, compositor de vários sucessos (“Vem Quente que eu estou fervendo” e A Praça”) e um grande fanfarrão daqueles que rareiam nos dias de hoje. No carnaval, por vários anos participava do tradicional desfiles de fantasias luxuosas cujo símbolo era Clovis Bornay só para debochar dos concorrentes.
Imperial também tem outras obras – e atitudes - menos nobres no currículo. Mas aí só lendo a biografia escrita por Denilson Monteiro (agora debruçado sobre Ronaldo Bôscoli) para saber.

(fonte: http://blogs.estadao.com.br/edmundo-leite/tag/dez-nota-dez-eu-sou-carlos-imperial)

BIBLIOGRAFIA CRÍTICA:
•AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
•FRÓES, Marcelo. Jovem Guarda. Em ritmo de aventura. São Paulo; Editora 34, 2000.
•MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
•PUGIALLI, Ricardo. No embalo da Jovem Guarda. Rio de Janeiro, Ampersand Editora, 1999.

Nenhum comentário:

Postar um comentário