segunda-feira, 6 de abril de 2009

ELVÉCIO PINHEIRO


Alegre. 14 de Janeiro de 1936. Dia iluminado. Nasce um menino. Sua mãe o chama “Elvecio”. Criança como tantas outras. Traquino, andava por aí descalço, subindo em árvores, pendurado nos galhos. Adorava comer frutas fresquinhas, no pé. Travesso, como os rios testemunharam, quando lá se banhava. E foi desde garoto que a paixão pela musica já aflorava. Até na hora do almoço, já, de longe se ouvia o “ tchacumdum..tumtum..parara...”-‘orquestra’ de colheres, garfos e facas batendo no prato, tocando em perfeita harmonia...” Esse menino vai ser músico!!”, sua avó materna profetizava. E não é que ela estava certa? O ainda jovem Elvécio desponta na Orquestra de Nelson Silva, no Regional da Radio Cachoeiro. E não parou por aí. Em meados de 1965, ingressou no conjunto 007 ( um verdadeiro ícone na época ), onde permaneceu por 20 anos, distribuindo, por onde passava, toda sua alegria e o fascínio provocado pela sua inesquecível guitarra – alguns a julgavam encantadora! Com o fim do 007 e a aposentadoria do funcionalismo publico, o “ maestro “ decidiu dedicar-se a fundação do Clube da Seresta – nome escolhido por seu irmão, Nelson Pinheiro. Algum tempo depois, Elvecio decide fazer suas apresentações em espaço adquirido no bairro Aeroporto, onde o Clube funciona até hoje todas as sextas e sábados. Seus olhos transmitiam todo o amor aos freqüentadores do clube. Sua pele transpirava arte, talento, inspiração. “ Dom Divino “, diziam. “Guitarra mágica”, suspiravam. Torna-se inevitável, e até difícil, falar do papai, sem amealhar trechos das canções das quais ele mais gostava, pois, sem dúvida, a música era o ar que ele respirava. Já acordava cantarolando... E os momentos de sua vida sempre foram embalados por um refrão. E é por isso que sei que, lá de cima, ele vai fisgar o que ora escrevo – com o coração rasgado de saudade – nessa singela homenagem. E, algumas musicas traduzem o significado dele na minha vida e de meus irmãos, Edgard, Govir, Carminha e Eduardo, e minha mãe, Madalena.
Pai,
“(...) Ainda bem que aconteceu de ser você Mesmo porque com mais ninguém seria assim Igual a Deus, você mandou que houvesse luz E a luz se fez, iluminando os dias nossos (...)” “(...) Tinha no cantar uma oração, no falar a mais linda canção que já se ouviu Sua voz fala só de amor, todo gesto seu era de amor e paz (...) “ “ (...) Nos temos tanto pra te falar Mas com palavras não ‘ sabemos dizer ‘ Como é grande ‘Nosso’ amor por você (...) Pai, ( Mais uma vez em forma de canção): “ Tudo que aqui você deixou, não passou, e vai sempre existir Flores nos lugares que pisou E o caminho certo pra seguir... Que além da vida que se tem, existe outra vida além E assim ... O renascer, morrer não é o fim (...)” Por todos esses motivos, a Família Pinheiro se empenha para que seu sonho de levar a alegria, a harmonia e a paz através da valorização da Música Brasileira permaneça sempre vivo.


Por: Margareth Pinheiro



Notas:

(1) O texto acima foi publicado no Jornal "Diário Capixaba" (edição de 25/8/2006) e lido, na mesma data, pelo poeta Evandro Moreira, na sede do Clube de Seresta de Cachoeiro de Itapemirim; (2) A autora, Margareth Pinheiro, é filha do Comendador Elvécio Pinheiro e titular desta coluna.

Um comentário:

  1. SIMPLISMENTE DIVINO. UM ORGULHO PARA A FAMÍLIA PINHEIRO.UM TALENTO NATO. UM HOMEM, UM NOME,O RECONHECIMENTO DE UM ÍCONE. UMA LENDA!

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