segunda-feira, 12 de março de 2012

Porto de Cachoeiro de Itapemirim, uma história pouco contada

Barcaças vinham da Barra de Itapemirim e descarregavam mercadorias onde hoje funciona o Centro Operário

Barcos que transitavam pelo Rio Itapemirim, no século passado e traziam mercadorias que eram descarregadas no trapiche, na rua 25 de março
Não há registro de data precisa sobre o início do funcionamento do Porto de Cachoeiro. Há, sim, o dia exato em que o Centro Operário adquiriu o espaço onde funcionava o trapiche, na época, por cinco contos de réis, a saber, 3/3/1913, e, a partir daí, o porto ficou desativado. Até pouco tempo existia uma argola de ferro onde os barcos eram presos, mas a velha história da falta de cuidado e preservação fez com que algum desavisado desse cabo num dos monumentos, pequenos, mas monumentos, históricos mais antigos da cidade.
Localizado a rua 25 de março, no número 171, o porto recebia mercadorias de diversos tipos, tudo para abastecer Cachoeiro e os municípios do Sul do Espírito Santo. Luiz Helvécio Peçanha, que atualmente administra o Centro Operário, mostrou os documentos da época em que as escrituras de compras e vendas eram feitas a mão. Algumas páginas amareladas, com letra quase inelegível, parecida com a de médico, registraram a venda da Companhia Comercial Sucessores de J. Zinzem, o nome oficial do trapiche que recebia as mercadorias dos barcos, para o Centro Operário.

O estabelecimento era uma filial da sede, que funcionava em Vitória, a capital do Estado, e, além de armazenar, distribui tudo que chegava. Eram mantimentos, roupas, utensílio e tudo mais o que a época proporcionava, chegando a barco. Essas barcaças que chegavam da Barra de Itapemirim, por sua vez, carregavam produtos oriundos de outros Estados do país, como o Rio de Janeiro e a Bahia e subiam o Rio Itapemirim, onde aguardavam ansiosos os comerciantes cachoeirenses.
O que causou surpresa durante a pesquisa sobre o porto foi a falta de informações oficiais e, principalmente, o sumiço da argola de ferro que servia para atracar os barcos. Ela estava lá até pouco tempo e, inclusive, surpreendeu Luiz Helvécio, que foi abrir o portão para a reportagem registrar em fotografia o local. “Os engenheiros que fizeram projeto de reforma, há pouco mais de dois anos, disseram que a argola não seria alterada”, contou Helvécio. Com mais essa perda histórica, Cachoeiro continua sem uma consciência de preservação, esquecendo-se que um povo sem história é um povo sem identidade, e nada melhor para um crescimento ordenado do que saber da onde veio, para, então, pensar para onde ir. 


DADOS DA MATÉRIA:
MATÉRIA PUBLICADA NO DIA 07/11/2010
AUTOR: Filipe Rodrigues

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